sexta-feira, maio 25, 2007

É horrível ser mulher.

Desde o princípio químico, os exames, os ovários, a menstruação, a menopausa... até mesmo o ovular é um caos; até a linha de pensamento que surge a partir daí, e fatores sociais de discriminação, desvalorização.

Talvez a mescla disso que gere o q sei q é errado, que vai contra quem eu sou, mas onde não consigo contrariar "o que" sou.

Mulher... mesmo fugindo desse rótulo de todas as formas possíveis, não falho quando vou analisar a postura.

... Mas como assim, postura?
O posicionamento interno perante o mundo, ó sábio leitor. Enquanto numa sociedade machista, onde o Capitalismo ainda impera, onde dinheiro compra tudo e todos são compráveis, os cílios altos e (ainda) esticados são capazes de mostrar um ar sonhador que só as mulheres conseguem manter.
Isso é meigo, retrô... bem anos 50, mesmo. E isso pode ir contra qualquer feminismo (e ainda devo apanhar na rua de algumas meninas vestidas de lenhadoras por isso), mas esse é o papel que sempre coube a mulher.
Sei que nesse ponto me contradigo, pois eu fui quem levantou que as leoas sustentam seus machos e são o cérebro do grupo, e tudo mais, mas a sensibilidade e facilidade de ilusão mantém o sonho. E como disse antes, isso está se esvaindo do mundo.
Posso, claro, atribuir isso ao funk, a liberação sexual, a eliminação dos soutiens, mas acho que as mulheres têm se envergonhado de sua essência. Eu, realmente, me envergonho, mas isso não me faz exigir de mim mesma a postura de masculinização, como propôs Sex and the City _ depois que o Carnaval da Bahia perpetuou isso por aqui. Se mulheres optam por aceitar a abolição de boas maneiras, de conceitos vãos machistas de um cotidiano, é uma opção. Mas a reação disso não tem sido aceitável: uma sociedade baseada em valores estruturais, nada de moral para as crias, dessas antes, então, leoas. Ninguém luta mais por seus ideais e sua felicidade, e sim, para competir com o colega de cubículo quem tem o cartão de apresentação mais bonito.
Salva-se ainda aquelas que libertam sua mente e se aceitam, aceitam suas reivindicações, seus sentimentos. Mas quantas demonstram isso? Isso, sim, seria a base, os pilares, pra um feminismo viável e real.

Gostaria de viver nos anos 50... segurar a mão no portão, ter certeza das coisas como elas se mostravam. Amores platônicos, encantamento... cílios ainda mais altos...

Hoje isso é o atestado da ignorância, e pessoas assim estão fadadas ao fracasso. É frustrante ver que antigos hábitos se perdem, ou nem chegam a funcionar... dates, drive-in... tudo parece tão distante, tão vão numa sociedade em que sexo é prioritário a sentimentos; onde palavras boas, de afeto, e elogios são vetadas quase como crime; onde demonstração de afeto vira assédio...

Mulheres, então, se submetem a assaltar junto de seus namorados. A apanhar sem abrir a boca. A trancar os filhos indesejados num porão... Por que isso?

Definitivamente opto pela minha ignorância.


terça-feira, maio 15, 2007

A culpa é da arte.

Todos os dramas atuais de uma sociedade surreal-mentecapta ocorrem por culpa da arte.

Fala-se em educação e saúde como bases dessa abstrata sociedade ideal, mas isso é a maior mentira que a humanidade já inventou. Na verdade, essa idéia é a mais erronea da qual já se ouviu falar. Como afirmar tais coisas quando é possível ver que fases de caos mundial poderiam ser inexistentes se a arte fosse valorizada? Vidas poderiam ser poupadas e dores poderiam ser atenuadas com a arte.

Se Van Gogh tivesse sido valorizado em vida (e olha que nem tinha TV pra se apelar como "arte"), certamente ele não entraria em depressão, não acabaria na bebida, sem mulher e com uma orelha na mão.

Se Hitler tivesse alcançado o que ele sempre almejou, e conseguido virar pintor de sucesso e ator; mesma forma que Goebbels, se tivesse virado o escritor roteirista que ele tanto almejava, quantas mortes teriam sido evitadas? E mais, quantas obras famosas e valorizadas teriam sido mantidas, quantos filmes Fritz Lang teria ainda feito, mantendo por mais algumas levas o saudoso expressionismo alemão? A Segunda Guerra foi, sem dúvida, uma revolta contra a arte de subúrbio e contra aqueles que são capazes de se manter de arte, mesmo que isso signifique se manter mal, dentro da Alemanha.

Podemos seguir adentrando em situações econômicas conflituosas...

Se Reagan tivesse sido um bom ator, ou tivesse sido reconhecido como tal (o que não é difícil em Hollywood), não teríamos o escândalo Watergate, nem o caos que isso teve por conseqüência no mundo.

Se o Clinton fosse valorizado por seu Sax antes da presidência (afinal, ele era bem bonzinho... mas a presidência que o fez um "grande" saxofonista, e ainda alavancou as vendas de saxofones pelos EUA), a Guerra Fria não teria tamanha extensão e força, o Capitalismo seria mais calmo hoje em dia. E mais! Um simples boquete ou uma traição não sairia em voga como uma agressão à moral e aos bons costumes. Afinal, vida de músico não é assim???


Mas não... o tal bichinho da arte deve ser curado com remédios, nunca com a valorização dos casos raros que produzem porque têm um chamariz... não, eles ainda optam por crucificar aqueles que se dedicam a um belo múltiplo, uma valorização de raízes, uma criatividade ilimitada.


Salve a Banheira do Gugu!

quinta-feira, maio 03, 2007

Calmaria desnecessária.

Muita coisa andando, e eu ainda me mantendo a deriva.

Ondas altas, e eu apenas boiando, deixando as coisas se acalmarem ainda mais. Quem sabe assim, sou capaz de olhar o horizonte e ver realmente um ponto que eu queira chegar.

Não estou perdida. Só está perdida aquela que sabe onde deve ir ou estar, e não só não sei como não sei se quero saber.

É melhor ficar assim, boiando... obviamente a auto-crítica me come por completa, mas nada tão belo como um ser deteriorado por dentro fazer de conta que nada o abate... apenas subindo e descendo em ondas.

Todos os dias antes de dormir vejo Hécate, e sempre tenho um milhão de coisas a agradecer... mesmo assim o vão do nada sempre assola. A frustração de depender dos outros, de um ser a deriva ainda depender de tábuas de navios alheios, tendo a certeza de que suas mãos seriam mais eficazes (mas, como de costume, contradizendo-se, pois a estafa não permite que mãos já enrugadas nadem com a gana necessária).

E cá estou eu, nesse mar sem fim, impotente diante de Poseidon, Zéfiro... do próprio céu. Impotente perante o mundo...

Apenas a deriva...